Bem-estar financeiro: qualidade no processo de inclusão da população é fundamental
“É importante que a população saiba como usar o crédito de maneira eficiente, saiba como poupar, como planejar o uso dos seus recursos”, afirmou Luis Mansur, do Banco Central.

Por Thayara Martins/ G20 Brasil
Hoje 84% dos brasileiros adultos possuem conta bancária, sendo que 75% da população já realizou uma transferência via PIX. Já o índice de bancarização no mundo está em torno de 76% e, nos países emergentes, 71%. Diante desses dados, o Brasil é um caso de sucesso em termos de inclusão financeira e não foi apenas uma política pública que levou a um número tão alto - foi feita uma série de iniciativas, como os correspondentes bancários e a digitalização dos bancos.
Luis Gustavo Mansur, chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central, apresentou números sobre o sistema bancário brasileiro e conversou com a imprensa sobre as principais questões debatidas pelos membros da Parceria Global para a Inclusão Financeira nesta sexta-feira (15) em Brasília.
Segundo Mansur, o aumento da inclusão também gerou um número alto de endividamento por um uso inadequado dos produtos e serviços financeiros. Por isso a importância de discutir, no âmbito do G20, o que pode ser entendido como bem-estar financeiro. “É importante que essa inclusão seja acompanhada de um processo de qualidade, que esse aumento não seja acompanhado por níveis elevados de endividamento, de superendividamento. É preciso que a população saiba como usar o crédito de maneira eficiente, saiba como poupar, como planejar o uso dos seus recursos”, enfatizou.
A partir do debate, o grupo espera chegar a uma definição de bem-estar financeiro e, ao final do ano, propor métricas para medir a satisfação da população com o processo de inclusão. O objetivo é monitorar a qualidade da inserção das pessoas no sistema bancário formal e poder acompanhar se elas terão uma vida financeira equilibrada de fato.
Inclusão como motor para o crescimento econômico

Carolina Barros, diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, acredita que a inclusão é um motor que impulsiona o crescimento econômico e o progresso social. Sendo fundamental para alcançar vários dos objetivos sustentáveis de desenvolvimento. Para a diretora, a Parceria Global para a Inclusão Financeira pode contribuir para melhorar a qualidade da inserção no sistema financeiro, sobretudo, em segmentos mais vulneráveis e desfavorecidos da sociedade. “A inclusão financeira surge como um pilar central nos nossos esforços para promover o desenvolvimento e reduzir a desigualdade. Ela tem um papel importante na concretização da nossa premissa na presidência do G20, que é construir um mundo justo e um planeta sustentável”, afirmou.
A Parceria Global para a Inclusão Financeira é um espaço de troca de conhecimento e o principal mecanismo de implementação do Plano de Ação para a Inclusão Financeira do G20. Dentro dessa perspectiva, Luis Mansur espera que a bem-sucedida experiência brasileira possa ser replicada em outros países ao final da cúpula do G20.
Sob a presidência brasileira, a parceria se concentra em debater os obstáculos e soluções para o avanço da inclusão financeira nas regiões e países onde ainda são baixos os níveis de acesso. Além de debater sobre financiamento das pequenas e médias empresas. A próxima reunião da Parceria Global para a Inclusão Financeira vai acontecer entre os dias 1º e 3 de julho em Fortaleza.