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CLIMA E SUSTENTABILIDADE

G20 alcança consenso sobre clima e sustentabilidade

Países-membros avançam em compromisso conjunto para enfrentamento dos desafios climáticos. Em declaração, eles se comprometem por medidas de adaptação às mudanças do clima, preservação dos oceanos, pagamento por serviços ecossistêmicos e melhoria da gestão de resíduos e impulso à economia circular.

03/10/2024 18:18 - Modificado há 8 meses
Marina Silva e Dion Georg, ministro da África do Sul, no encerramento da reunião ministerial do GT Sustentabilidade Ambiental e Climática do G20 | Foto: MMA
Marina Silva e Dion Georg, ministro da África do Sul, no encerramento da reunião ministerial do GT Sustentabilidade Ambiental e Climática do G20 | Foto: MMA

Representantes de países-membros do G20 chegaram ao consenso sobre as prioridades brasileiras para o clima e sustentabilidade. Em reunião ministerial nesta quinta-feira, 3/10, no Rio de Janeiro, o fórum acordou uma declaração com compromissos para ampliar o enfrentamento aos desafios impostos pelas mudanças do clima como a perda de biodiversidade, desertificação, degradação dos oceanos e da terra, seca e poluição no mundo. 

“São economias que detém cerca de 80% dos recursos financeiros; 80% das emissões de CO² e grande parte da população do nosso planeta. Se fizermos o dever de casa, com certeza estaremos dando uma grande contribuição para enfrentar o desafio que está posto que é o aumento da temperatura da terra acima de 1,5 graus. E, para isso, os compromissos de ter e descer robustos”, salientou Marina da Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, anfitriã da reunião de ministros.

No documento, os países se solidarizam com o Brasil e outros países que têm sido afetados pelos eventos extremos do clima, incluindo inundações, períodos de estiagem severa e queimadas. “Perdas humanas e ambientais em todo o mundo deixam clara a necessidade urgente de tomar medidas maiores para responder à nova realidade global”, diz a declaração do grupo.

"Os esforços têm que ser no sentido de viabilizar um volume de recursos suficientes para mitigar esses efeitos indesejáveis; uma base de suporte à cooperação tecnológica e para ajudar a acelerar esses processos de transformação. Isso é mais uma contribuição da liderança brasileira que pautou a questão das desigualdades com muita força", salientou Silva.

Os países-membros também reconheceram a importância das questões prioritárias e as  relações entre adaptação às mudanças do clima; oceanos; pagamento por serviços ecossistêmicos; resíduos e economia circular. Silva, entregou um relatório com os quatro eixos prioritários do G20 Brasil para Dion George, ministro de Florestas, Pescas e Meio Ambiente da África do Sul.

Reforço às ações de cooperação global

No documento, os países-membros reconhecem a necessidade de ações urgentes para aumentar a escala e priorizar os esforços para adaptação e mitigação dos impactos das mudanças do clima e recepcionam positivamente a Força-Tarefa para a Mobilização Global Contra a Mudança do Clima do G20, de iniciativa da presidência brasileira. 

O documento resgata ainda os acordos e instrumentos internacionais sobre os temas de meio ambiente, oceanos, e reforça que continuaram perseguindo os objetivos pactuados a partir de instrumentos como a COP (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) e o Acordo de Paris. "Destacamos a importância de ações ambiciosas em todos os pilares do Acordo de Paris, levando em consideração a melhor ciência disponível", diz o texto. 

Oceanos: críticos para o desenvolvimento sustentável

Sobre adaptação aos oceanos, o G20 reconhece papel fundamental na garantia da estabilidade climática e no enfrentamento dos efeitos adversos das mudanças do clima. Os países assumiram o compromisso pela ampliação dos esforços para financiamento, planejamento e gestão de medidas “essenciais para garantir a proteção do ambiente marinho e a conservação e uso sustentável dos recursos marinhos e da biodiversidade”, com foco no cumprimento dos ODS 14 (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), que trata sobre o tema. 

Pagamento de serviços ecossistêmicos: aliado à preservação ambiental

Os países destacam ainda a necessidade de intensificar esforços para barrar e reverter a perda de biodiversidade e restaurar ecossistemas, considerando ferramentas econômicas inovadoras como o pagamento de serviços ecossistêmicos, bem como para que o capital gerado integre as contas nacionais como parte da economia dos países. A declaração enfatiza o papel chave do financiamento público para mobilizar recursos para ações de adaptação. 

Mais recursos e políticas públicas para adaptação à crise climática

Considerando o crescimento dos impactos das mudanças do clima nos países do G20, especialmente do Sul Global, os países também se comprometem a priorizar e integrar medidas de adaptação à crise. "Nos comprometemos a progredir na formulação e implementação das nossas próprias políticas de adaptação, ao mesmo tempo que cooperamos com outros países na construção de resiliência e no reforço da capacidade de adaptação às alterações climáticas, desde os níveis global aos locais",  pontuam. 

Economia circular: protagonismo de mulheres, comunidades tradicionais e indígenas

Líderes das maiores economias mundiais ainda reafirmaram o compromisso de reduzir significativamente a geração de resíduos por meio de iniciativas de economia circular. O grupo reconheceu a necessidade de mobilizar recursos e parcerias para apoiar as nações do Sul Global na gestão adequada de resíduos, promovendo o uso eficiente de recursos. O documento destaca também a urgência de uma transição ecológica inclusiva e justa, por meio da criação de empregos de qualidade e a inclusão de trabalhadores informais, mulheres, comunidades locais e povos indígenas nas cadeias de valor da economia circular.

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