Mudanças climáticas, combate à fome e reforma da governança global: presidente Lula enfatiza propostas brasileiras no G20 em encontro com presidente do Benim
Líder brasileiro reiterou a agenda estratégica dos países do Sul Global que está sendo pautada no fórum das maiores economias do mundo este ano. Ele citou a semelhança entre a tragédia climática do Sul do Brasil e as enchentes que atingiram países africanos, fazendo milhares de vítimas.

Brasil, Burundi, Quênia e Tanzânia. Lugares distantes entre si, mas vivendo tragédias em comum, com a dor pelas mortes e destruição causadas pelas enchentes, fruto das mudanças climáticas. O tema, uma das prioridades da presidência brasileira do G20, foi citado pelo presidente Lula em encontro com o presidente do Benim, Patrice Talon, em Brasília, nesta quinta-feira (23).
“Apesar de não sermos historicamente responsáveis pela mudança do clima, precisamos lutar juntos pela ampliação das metas de financiamento na COP de Baku e pela adoção de NDCs mais ambiciosas na COP de Belém em 2025”, salientou.
Além das mudanças climáticas, o presidente Lula citou as demais prioridades da presidência brasileira do G20, reiterando a agenda estratégica dos países do Sul Global que está sendo pautada no fórum das maiores economias do mundo este ano.
“Juntamente com a União Africana, que participa pela primeira vez como membro pleno do grupo, temos alertado sobre o problema do endividamento. O que vemos hoje é uma absurda exportação líquida de recursos dos países mais pobres para os países mais ricos”, enfatizou o presidente do Brasil. “Não há como investir em educação, saúde ou adaptação à mudança do clima se parte expressiva do orçamento é consumida pelo serviço da dívida”, disse.
O presidente informou que o Grupo de Trabalho de Arquitetura Financeira Internacional promoverá, em junho, um debate com especialistas africanos, cujos resultados serão levados para a reunião de ministros das Finanças do G20. E lembrou da proposta de taxação dos bilionários, apresentada pelo ministro Fernando Haddad em reunião da Trilha de Finanças do G20, em janeiro em São Paulo.
“Se os 3 mil bilionários do planeta pagassem 2% de impostos sobre o rendimento das suas fortunas, poderíamos gerar recursos suficientes para alimentar as 340 milhões de pessoas que, segundo a FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura], enfrentam insegurança alimentar severa na África”, explicou o presidente Lula.
Ele lembrou que muitos países em desenvolvimento já formularam políticas eficazes para erradicar a fome e a pobreza, como é o caso do Brasil, que tem se destacado com a experiência do Bolsa Família e outras políticas públicas. “Nosso objetivo, no G20, é mobilizar recursos para ampliá-las e adaptá-las a outras realidades. Por isso, convidamos os países africanos a se somarem à nossa Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza, que estará aberta a adesões a partir de julho”, disse. A Força-Tarefa pela Aliança está reunida na cidade de Teresina para desenhar o documento de adesão para os países.
Reforma dos organismos multilaterais
A terceira prioridade da presidência brasileira do G20, a reforma da governança global, também foi lembrada no encontro, “A ordem internacional requer instituições capazes de responder aos desafios da atualidade. Em setembro, faremos em Nova York uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, aberta a todos os membros da ONU, para lançar um “chamado à ação” pela reforma da governança global”, disse o presidente Lula. “Não faz sentido que a América Latina e a África não tenham representação permanente em órgãos importantes como o Conselho de Segurança”, enfatizou.
Leia o discurso do presidente Lula na íntegra