Boletim G20 Ed. 273 - No G20, Lula defende reforma urgente da governança global
O presidente brasileiro criticou o veto no Conselho de Segurança da ONU e propôs taxação de super-ricos para combater desigualdades e crises globais. “A globalização neoliberal fracassou”. Ouça a reportagem e saiba mais.
Reportagem: Leandro Molina
Repórter: Durante a 2ª Sessão da Reunião de Líderes do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre a necessidade urgente de reformar as instituições globais de governança. Em seu discurso, Lula destacou que a história do G20 é marcada por crises econômicas, como a de 2008, e alertou que, embora ações urgentes tenham evitado um colapso total, as reformas ainda são insuficientes.
Lula: Naquele momento, escolheu-se salvar bancos em vez de ajudar pessoas.
Optou-se por socorrer o setor privado em vez de fortalecer o Estado. O mundo voltou a crescer, mas a riqueza gerada não chegou aos mais necessitados. A globalização neoliberal fracassou.
Repórter: Para ele, a desigualdade gerada pela economia mundial é um terreno fértil para o ódio e a violência, além de ameaçar a democracia. Lula também criticou a condução das políticas internacionais, ressaltando que a atual crise de governança global se reflete na crescente violência e no confronto entre nações.
Lula: Permanecemos à deriva, como se arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia. Mas o confronto não é uma fatalidade. Negar isso é abrir mão da nossa responsabilidade.
Repórter: O presidente defendeu que os líderes do G20, representando as maiores economias do mundo, estão em uma posição única para promover mudanças significativas. Uma das críticas mais duras do presidente brasileiro foi em relação ao Conselho de Segurança da ONU.
Lula: A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes. Por isso, o Brasil propôs, em Nova York, a convocação de uma conferência de revisão da Carta da ONU, nos termos do artigo 109.
Repórter: No campo das finanças internacionais, Lula apoiou a ideia de uma taxação sobre o patrimônio dos super-ricos.
Lula: Uma taxação de 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar recursos da ordem de 250 bilhões de dólares por ano para serem investidos no enfrentamento dos desafios sociais e ambientais do nosso tempo.
Repórter: O presidente brasileiro concluiu seu discurso alertando que o medo de dialogar não pode prevalecer nas relações internacionais.
Lula: O futuro será multipolar. Aceitar essa realidade pavimenta o caminho para a paz.