Lula: “A globalização neoliberal fracassou”, sobre reforma do Conselho de Segurança da ONU e das instituições de Bretton Woods
Presidente brasileiro aponta omissão como ameaça à paz global, condena uso do veto por membros permanentes e alerta para obstáculos ao desenvolvimento sustentável.

Por Mara Karina Sousa-Silva/Site G20 Brasil
“A globalização neoliberal fracassou. A omissão do Conselho de Segurança tem sido, ela própria, uma ameaça à paz e à segurança internacional”, declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em declaração na Cúpula de Líderes do G20 Brasil, nesta segunda-feira, 18/11, no Rio. Lula fez duras críticas ao uso de poder de veto dos membros permanentes do grupo e salientou que as instituições de Bretton Woods se tornaram obstáculos para o desenvolvimento sustentável.
“A omissão do Conselho de Segurança tem sido, ela própria, uma ameaça à paz e à segurança internacional. Sanções unilaterais produzem sofrimento e atingem os mais vulneráveis. As instituições de Bretton Woods impuseram obstáculos aos próprios objetivos de desenvolvimento sustentável que deveriam promover”, enfatizou.
Lula ainda citou que os impasses recentes da governança internacional para solucionar urgências globais em medidas como o Tratado sobre Pandemias; o Pacto para o Futuro; e a COP da Biodiversidade, revelam que a “diplomacia vem perdendo terreno para a intransigência”. De acordo com o mandatário do Brasil, o cenário impulsionou a ação do país de propor uma conferência para a revisão da Carta das Nações Unidas, assinada em 1945 e que ainda rege a atuação da organização.
Uma nova arquitetura financeira internacional
Outro tema que figurou durante os debates do G20 Brasil, é a forma como as dívidas externas impactam desproporcionalmente o desenvolvimento de pequenas e médias economias. Lula citou como exemplo o caso de países africanos, que vêm minguar os recursos para investir em políticas públicas na quitação do serviço dos débitos. “O serviço da dívida externa de países africanos é maior que os recursos de que eles dispõem para financiar sua infraestrutura, saúde e educação”, salientou.
Lula voltou a defender que a cooperação tributária internacional é fundamental para reduzir as desigualdades e que os recursos gerados por um sistema de taxação progressiva sejam investidos no enfrentamento da crise do clima. Para o presidente brasileiro, ampliar as vozes nas instituições multilaterais é “o caminho para a paz”
“A estabilidade mundial depende de instituições mais representativas. A pluralidade de vozes funciona como vetor de equilíbrio. O futuro será multipolar. Não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional necessita”, concluiu o brasileiro.