Equidade em ação: Movimentos sociais integram discussões de alto nível do GT de Redução de Risco de Desastres
Nesta quinta-feira (31), dia que antecede a Reunião Ministerial do Grupo de Trabalho, movimentos sociais e sociedade civil puderam participar da mesa aberta “Equidade em Ação: Acelerando Abordagens Inclusivas para Reduzir o Risco de Desastres”, com participação dos ministros das Cidades, Jader FIlho, e da Integração de Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

Até 2030, metade da população viverá em áreas expostas a desastres. No Brasil, essa projeção já foi ultrapassada. Dados atuais dão conta que, no país, 3 em 4 cidadãos vivem em áreas de risco. Mas quem são essas pessoas e qual o papel das maiores economias do mundo em mitigar estes riscos e reconhecer e amparar as populações mais vulneráveis às consequências das mudanças do clima?
Este foi o tema da mesa aberta “Equidade em Ação: Acelerando Abordagens Inclusivas para Reduzir o Risco de Desastres”, evento paralelo que integrou, nesta quinta-feira (31), as discussões de alto nível do Grupo de Trabalho (GT) de Redução de Risco de Desastres do G20, em Belém, capital paraense situada no bioma amazônico. Com participação dos ministros das Cidades, Jader FIlho, e da Integração de Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, dos secretários coordenadores do Grupo e de representantes de movimentos sociais, a discussão apontou para a necessidade de escuta e assistência às camadas sociais mais pobres, as quais são, majoritariamente as mais afetadas pelos desastres.
Rumo à aprovação da declaração ministerial do GT amanhã (1º), os nomes à mesa fizeram suas contribuições confluindo a um apontamento comum: de que o desafio mais importante é o de transformar o conteúdo do texto em ações concretas para melhoria da qualidade de vida das pessoas. Pessoas estas, salientou-se, que precisam ser consideradas a partir de recortes de gênero, raça, etnia e regionalidade.
“O papel das organizações sociais, das instituições dos territórios, da justiça de representação social é enorme, porque nós estamos debatendo com representantes dos governos, mas como é que fica o que está sendo feito, o que está sendo vivido lá na ponta, nos territórios, nos bairros, nas vilas. Como é que ficam essas pessoas? Então, é fundamental que essa elaboração que está sendo feita nos palácios, nos gabinetes, seja traduzida em um diálogo efetivo com a população, especialmente a partir das organizações sociais”, colocou Guilherme Simões, secretário nacional de Periferias do Ministério das Cidades do Brasil e co-chair do grupo.
“Temos que estabelecer vínculos de governança internacional, nacional e regional para que compromissos a serem adotados sejam efetivamente cumpridos sob controle social dos pontos”, pontuou Igina Mota Sales, do Movimento Afrodescendente do Pará (Mocambo). A ativista, ao ler uma carta com os eixos de reivindicação social na pauta, pontuou, a sugestão de cancelamento da dívida externa de países afetados pela crise climática, a fim de alocar esses recursos para as energias sustentáveis, com o fortalecimento de transições nos espaços urbanos e mega metrópoles.
Entidades indígenas, Ação da Cidadania, Central Única dos Trabalhadores, Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra e o Movimento Nacional de Luta pela Moradia foram algumas das entidades com representação presentes no debate, que foi aberto ao público.
Wolnei Wolff, secretário nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério do Desenvolvimento e Integração Regional do Brasil e chair do grupo, fez a última fala antes da intervenção dos ministros e também destacou a importância da conexão entre as experiências materiais das populações e as elaborações técnicas. Para mais, Wolff prestou solidariedade aos delegados e delegadas da Espanha, país que nesta semana sofreu com a "pior enchente do século”, com mais de uma centena de pessoas vitimadas, dando a dimensão que os desastres são uma realidade tanto do sul quanto do norte global.
A programação do GT de Redução de Risco de Desastres começou em Belém, cidade que no próximo ano sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), na terça-feira (29), com evento paralelo sobre cidades intermediárias e continua até amanhã (1º). Neste último dia acontecerá evento paralelo de resposta ao Chamado à Ação da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Calor Extremo e a Reunião Ministerial, a qual caminha para assinatura de sua declaração de consenso. A reunião técnica encerrou nesta manhã (31).
Por Franciéli Barcellos