Área de Delegados
G20 SOCIAL

Reforma da Governança Global com inclusão, justiça social e sustentabilidade

Encontro Preparatório do G20 Social apresenta propostas para reforma na governança global, enfatizando a necessidade de inclusão de vozes e comunidades marginalizadas nos processos decisórios internacionais.

22/08/2024 18:03 - Modificado há 8 meses
Debates sobre Reforma da Governança Global durante o Encontro Preparatório do G20 Social. Crédito: Audiovisual G20.
Debates sobre Reforma da Governança Global durante o Encontro Preparatório do G20 Social. Crédito: Audiovisual G20.

Durante encontro preparatório da Cúpula Social do G20, realizado no último dia 20, no Rio de Janeiro, representantes da sociedade civil, governos e academia debateram propostas de reforma da governança global, uma das prioridades da presidência brasileira do G20. O debate explorou temas como participação social, justiça econômica, soberania nacional e inclusão de vozes marginalizadas nos processos decisórios internacionais.

O encontro discutiu ideias e propostas que serão disponibilizadas na plataforma Brasil Participativo, que permite contribuições de organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos de todo o mundo. As discussões refletem uma compreensão das complexas dinâmicas globais e a necessidade de estruturas mais justas e representativas.

Felipe Hees, representante do Ministério das Relações Exteriores, iniciou o debate destacando a saturação e inoperância das atuais estruturas de governança internacional, particularmente no âmbito das Nações Unidas (ONU). "Os acordos internacionais existentes carecem de legitimidade e eficácia na aplicação, comprometendo seu funcionamento e a confiança global neles depositada", afirmou. Ele enfatizou o papel do G20 como um canalizador de impulso político, capaz de promover ações concretas e instar os membros da ONU a se engajarem em reformas significativas.

Tatiana Berringer, coordenadora do G20 Social na Trilha de Finanças do G20, apontou para as discrepâncias estruturais nas instituições financeiras globais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. "É imprescindível repensar as cotas e a representatividade do Sul Global nessas instituições. A pouca participação das mulheres e de países em desenvolvimento nos processos decisórios reforça desigualdades históricas", ressaltou.

Complementando essa visão, Tatiana Berringer, coordenadora do G20 Social na Trilha de Finanças do G20, apontou para as discrepâncias estruturais nas instituições financeiras globais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. "É imprescindível repensar as cotas e a representatividade do Sul Global nessas instituições. A pouca participação das mulheres e de países em desenvolvimento nos processos decisórios reforça desigualdades históricas", ressaltou Berringer. Ela propôs a construção de um roteiro para tornar os bancos nacionais de desenvolvimento mais efetivos, além de explorar novas formas de captação de recursos, como a tributação internacional e o fortalecimento de fundos verdes e climáticos.

Nathalie Beghin, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), enfatizou a importância de uma reforma tributária internacional. "Os recursos existem, mas estão mal distribuídos. Estimativas mostram que bilhões de dólares deixam de ser arrecadados anualmente devido a falhas no sistema tributário global", explicou Beghin. Ela defendeu a transferência das negociações tributárias da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a ONU, visando processos mais inclusivos e benéficos para os países do Sul Global.

A importância de incluir comunidades tradicionalmente marginalizadas nos processos de governança global foi um ponto central das discussões. Renê Silva, representante do Voz das Comunidades e do Favelas 20 (F20), destacou a necessidade urgente de incorporar as perspectivas das favelas e periferias nos debates globais. "Mais de um bilhão de pessoas vivem em favelas no mundo. É crucial que essas vozes sejam ouvidas para reduzir desigualdades e promover desenvolvimento sustentável", afirmou Silva. Ele mencionou iniciativas como a elaboração de cartas de recomendação e encontros presenciais para garantir que as necessidades dessas comunidades sejam consideradas nas políticas governamentais.

Preto Zezé, da Central Única das Favelas (CUFA), destacou que vivemos em um momento em que as lideranças progressistas se distanciam das bases populares, resultando em uma desconexão preocupante entre as agendas da população e do governo. Ele ressaltou que a representatividade só é efetiva quando acompanhada de recursos orçamentários, e que a segurança jurídica é essencial para que as políticas públicas tenham continuidade, independentemente de mudanças na gestão, garantindo que as comunidades não fiquem desamparadas.

"Mais de um bilhão de pessoas vivem em favelas no mundo. É crucial que essas vozes sejam ouvidas para reduzir desigualdades e promover desenvolvimento sustentável", afirmou Silva. Ele mencionou iniciativas como a elaboração de cartas de recomendação e encontros presenciais para garantir que as necessidades dessas comunidades sejam consideradas nas políticas governamentais.

Marcel Fukuyama, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), propôs a implementação de um modelo de governança distribuída e a unificação dos debates em torno de um novo paradigma econômico, alinhado com os limites planetários e a responsabilidade social. "O Brasil pode ser um grande protagonista na promoção de uma nova ordem de governança econômica que priorize a justiça social e ambiental", destacou Fukuyama.

Veja também

G20 SOCIAL
UNE apresenta projeto para capacitar jovens agentes ambientais no G20 Social
15 de novembro de 2024
Raízes do Futuro tem foco nas comunidades próximas às universidades da Amazônia; iniciativa foi apresentada no espaço dos movimentos sociais dentro do fórum econômico.
G20 SOCIAL
Cidadania Ativa no G20: Transforme Suas Ideias em Ação Global!
11 de outubro de 2024
Participe das consultas públicas e ajude a moldar as discussões da Cúpula Social do G20, que ocorrerá em novembro no Rio de Janeiro. Você pode enviar suas sugestões e reflexões sobre temas cruciais, como combate à fome, desigualdade e mudanças climáticas, diretamente nas "Consultas Públicas". Não perca essa chance de influenciar o futuro das políticas globais — contribua até 31 de outubro!
VÍDEOS
Contribua para a agenda do G20
10 de outubro de 2024
A Consulta Pública sobre os Textos Básicos da Cúpula Social do G20 já está aberta. Você tem até 31 de outubro de 2024 para dar sua contribuição! Os textos são propostas iniciais da sociedade civil brasileira para discussão com a sociedade civil global. Uma mesma pessoa pode deixar comentários em três tópicos diferentes, de qualquer lugar do mundo. Para melhorar o acesso, o site está disponível em inglês, espanhol e português.
G20 SOCIAL
Participe das feiras da Cúpula Social do G20: inscrições até dia 10 de outubro
4 de outubro de 2024
As inscrições podem ser feitas em três modalidades: Produtos e serviços de alimentação; Livros, publicações e divulgações e; Artesanatos e serviços. As Feiras da Cúpula Social do G20 ocorrerão nos dias 14, 15 e 16 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro, com papel pedagógico de mostrar que as alternativas macro propostas pelo Brasil já são vivenciadas pelo próprio povo.
G20 FAVELAS
O G20 Favelas pelo mundo: a última fase das Conferências Internacionais das Favelas antes do G20 Social
3 de outubro de 2024
Começou a última fase das Conferências Internacionais das Favelas, que vai passar por mais de 10 países: o início aconteceu no Mali e o encerramento será em Moçambique. A delegação brasileira conta com a presença de Celso Athayde, fundador da CUFA – Central Única das Favelas, e do Marcus Vinicius Athayde, Diretor Internacional do G20 Favelas, serão os correspondentes oficiais nessa última etapa. Acompanhe as notícias do G20 Favelas e fique por dentro de tudo o que está acontecendo lá fora.
VOZ DOS OCEANOS
Ilhas paradisíacas cobertas por plásticos? G20 Brasil, Oceanos 20 e Voz dos Oceanos se unem para mudar essa realidade
3 de outubro de 2024
Feche os olhos e imagine-se em uma ilha deserta. Uma ilha que, em seus sonhos, seria banhada por um mar azul cristalino, com areias brancas e reluzentes. Mas e se, ao abrir os olhos, você se deparasse com montanhas de plástico espalhadas pela praia? Foi exatamente essa cena que a Família Schurmann encontrou ao chegar em West Fayu, uma ilha isolada no Pacífico.

Para melhorar a sua experiência na plataforma e prover serviços personalizados, utilizamos cookies.Ao aceitar, você terá acesso a todas as funcionalidades do site. Se clicar em "Rejeitar Cookies", os cookies que não forem estritamente necessários serão desativados.Para escolher quais quer autorizar, clique em "Gerenciar cookies". Saiba mais em nossa Declaração de Cookies.